Procurando encontrar no mundo, algum país que tenha suportado bem a crise da pandemia mundial da COVID, encontrei estes três. Podemos aprender muito como se devem portar governantes e população durante essa crise.
1_Islândia
Estamos falando de uma pequena ilha, afastada dos grandes centros, com uma população em torno de 500 mil habitantes. Muitos incrédulos podem dizer: “ assim é fácil “, mas analisemos suas ações.
Em janeiro de 2020 (dois meses antes da chegada do COVID ao país, Þórólfur Guðnason, epidemiologista-chefe da Diretoria de Saúde do governo islandês havia decretado um plano nacional para preparação para a pandemia. Em entrevistas, ele afirmou estar preparado para enfrentar uma pandemia há 15 anos. Veja outra declaração sua:
“Imediatamente decidimos o que faríamos: testagem, rastreamento de contatos e isolamento de todos que fossem diagnosticados (com COVID ). Fizemos isso agressivamente, desde o primeiro dia.”
Kári Stefánsson, fundador e presidente-executivo da deCODE Genetics, uma empresa de genômica humana passou a trabalhar em conjunto com o governo no rastreamento genético do vírus.
As equipes rastrearam a saúde de cada pessoa com teste positivo para SARS-CoV-2, sequenciaram o material genético de cada isolado viral e examinaram mais da metade dos 368.000 residentes da ilha para infecção.
Essa equipe de rastreamento de contato, ao lado de detetives de verdade, começou a trabalhar antes mesmo que a Islândia registrasse seu primeiro caso da doença.
A primeira-ministra Katrin Jakobsdottir, 44, decidiu que pandemia e política são duas palavras que não caminham juntas e delegou à ciência o controle da pandemia, porém não fechou o país com medo da falência pela ausência do turismo. Assim apoiou a testagem rigorosa, o rastreamento dos contatos e o isolamento social, evitando um lockdown mais drástico.
Em maio a Islândia chegou a se declarar livre da Covid, porém dois turistas portadores da doença, desrespeitaram as regras de controle, foram a PUB´s e rapidamente uma nova onda foi detectada. Partiram novamente para a testagem , rastreamento de contatos , detecção e isolamento dos portadores, e conseguiram conter novamente sua evolução.
Com esse controle, e totalmente auxiliado pela ciência, evitaram as chegadas das novas variante. Se declaram livres do COVID, porém permanecem estudando e analisando a doença e suas novas variantes.
Durante este processo, foram criados espaços para o isolamento dos infectados. O dono de um hotel usado para este fim, Gylfi Thor Thorsteinsson, perguntado sobre qual a razão do sucesso da Islândia no controle da doença proferiu a sábia frase:
“Foram os cientistas quem determinaram as regras, e não os políticos. Isso importa. Eles sabem do que estão falando; os políticos, não.”
Hoje a Islândia é o primeiro país europeu a se declarar livre do vírus.
2_Vietnam
Estamos agora falando de um país asiático, de 100 milhões de habitantes, com uma economia de mercado de orientação socialista.
Têm a vantagem de já estarem preparados, pois combateram a epidemia da Sars anos atrás e foram muito bem sucedidos.
O primeiro caso de COVID-19 do Vietnã foi relatado em 23 de janeiro de 2020. Uma semana depois, o Vietnã formou um comitê diretor nacional que se reunia inicialmente a cada dois dias para coordenar a estratégia de “governo total” do país.
No que se baseou sua estratégia:
Testar:
No final de janeiro de 2020, o Ministério da Ciência e Tecnologia se reuniu com virologistas para estimular o desenvolvimento de testes diagnósticos.
Em parceria com empresas da iniciativa privada, desenvolveram e lançaram vários kits de teste, sempre preocupados com a obtenção de um rápido resultado e grande eficácia.
Em janeiro tinham apenas dois pontos de teste no país. Em maio já contavam com 120.
O país decidiu utilizar uma estratégia de teste para identificar e prevenir uma transmissão mais ampla.
Com mil testes para cada caso confirmado de COVID, é o número 1 do ranking. Para se ter uma ideia de comparação, a Alemanha fez 22,7 e o Reino Unido 23,3.
Rastreamento de contato:
O rastreamento de contato e a quarentena são as partes principais da contenção. A estratégia de rastreamento de contato do Vietnã se destaca como excepcionalmente abrangente.
O processo no Vietnã funciona da seguinte maneira:
Assim que um paciente com COVID-19 é identificado (F0), as autoridades locais de saúde pública, com o apoio de profissionais de saúde, agentes de segurança, militares e outros funcionários públicos, trabalham com o paciente para identificar com quem eles podem ter entrado em contato e infectados nos últimos 14 dias.
Todos os contatos próximos (F1), definidos como pessoas que estiveram a aproximadamente 2 metros, ou tiveram contato prolongado de 30 ou mais minutos com um caso COVID-19 confirmado, são identificados e testados para o vírus.
Se o teste F1s for positivo para o vírus, eles serão colocados em isolamento em um hospital .
Se os F1s não derem resultado positivo, eles são colocados em quarentena em um centro de quarentena administrado pelo governo por 14 dias.
Os contatos próximos dos contatos próximos identificados anteriormente (F2) devem isolar-se em casa por 14 dias.
Esse excepcional rastreamento permitiu que se monitorassem principalmente os infectados assintomáticos, com vistas a que estes fossem isolados para assim diminuir ou exterminar a transmissão do vírus.
Em 10 de março, o Ministério da Saúde trabalhou com empresas de telecomunicações para lançar o NCOVI, um aplicativo que ajuda os cidadãos a criar um “sistema de vigilância da vizinhança” que complementa os esforços de rastreamento de contatos oficiais e pode ter ajudado a retardar a transmissão da doença
O NCOVI inclui um mapa de casos detectados e grupos de infecções e permite que os usuários declarem seu próprio estado de saúde, relatem casos suspeitos e observem o movimento em tempo real de pessoas colocadas em quarentena.
Em meados de abril, a empresa vietnamita de segurança cibernética Bkav lançou o Bluezone, um aplicativo móvel habilitado para Bluetooth que notifica os usuários se eles estiverem a aproximadamente 2 metros de um caso confirmado em 14 dias.
Quando os usuários são notificados sobre a exposição, eles são encorajados a contatar as autoridades de saúde pública imediatamente. Em 20 de agosto, o aplicativo ultrapassou 20 milhões de downloads.
Trabalhou ainda fortemente para a prevenção de infecções nos sistemas de saúde, colocou muitas pessoas em quarentena, criou bloqueios direcionados, restringiu reuniões em massa, viagens e a mobilidade.
Desde o início, o governo manteve mensagens de alerta bem claras e criativas sobre a pandemia, utilizando-se de todos os meios de comunicação possível, incluindo redes sociais.
Utilizou a princípio o lema : “Lutar contra a epidemia é como lutar contra o inimigo” e posteriormente reforçou as responsabilidades de cada cidadão: Uso de máscara facial; cuidados com a higienização; manter uma distância segura do próximo ; ajudar na coleta de dados ; fornecimento de declaração de saúde.
Com exceção do surto de Da Nang em agosto, o Vietnã conseguiu praticamente evitar a transmissão da comunidade por um ano inteiro, mantendo a economia aberta o suficiente para facilitar o crescimento do PIB.
Nenhum outro país do tamanho do Vietnã teve esse nível de sucesso.
3_Coréia do Sul
Vamos à décima segunda economia do mundo, um país de algo em torno de 52 milhões de habitantes.
Este país enfrentou 3 surtos durante a pandemia e solucionou todos de uma maneira satisfatória.
A resposta da Coreia do Sul ao COVID-19 foi impressionante. Com base em sua experiência no tratamento da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), a Coreia do Sul foi capaz de aplainar a curva da epidemia rapidamente sem fechar negócios, emitir pedidos de permanência em casa ou implementar medidas de restrição extremamente rígidas.
Seu foco foi detectar os contaminados, isolar os mesmos e fortalecer o sistema de saúde para o tratamento.
Coreia do Sul foi um dos primeiros países a experimentar um surto de COVID-19, com seu primeiro caso relatado em janeiro de 2020. O governo ativou a Sede Central de Contramedidas de Segurança e Desastres em poucos dias, e ela se reuniu diariamente desde então, com o primeiro-ministro participando pelo menos três vezes por semana.
Com parcerias público-privadas, passou a desenvolver o teste em grande escala e em abril atingiu a capacidade de realizar 20.000 testes por dia, e sem parar por ai, em novembro chegou à 100.000 por dia.
Com a expansão da capacidade de testes, mudou-se o foco para a triagem, na tentativa de se evitar que pessoas infectadas entrassem em instituições públicas, como um hospital por exemplo, foram criados centros de triagem do lado externo e até na modalidade drive-througt.
Em setembro existiam 599 estações de triagem em lugares estratégicos, como o Aeroporto Internacional, por exemplo.
Logo no início da pandemia, transformou instalações públicas e privadas em enfermarias de isolamento. Empresas como SAMSUNG e LG chegaram a receber até 3000 pessoas.
Pessoas que tiveram contato com um caso confirmado, viajaram internacionalmente ou tem alguma suspeita de estar infectada, é colocada em quarentena e obrigada a utilizar um aplicativo de rastreamento por 14 dias. São monitorados, e caso rompam a quarentena, a multa é de algo em torno de 8.200 dólares. Porém, as pessoas que monitoram os quarentemados, os visitam 2 vezes por dia para entregar comida, itens de higiene e apoio psicológico.
A Coreia do Sul expandiu sua força de trabalho usual de oficiais do Serviço de Inteligência Epidêmica (EIS), treinando rapidamente funcionários em aproximadamente 250 centros de saúde pública locais, contratando 300 epidemiologistas privados e alavancando funcionários em 11 organizações não governamentais Todos, além de policiais , donos de estabelecimento onde haviam alto fluxo de pessoas, trabalharam arduamente no rastreamento das pessoas.
Também são usados aplicativos, rastreamento de GPS, entrevistas cruzadas, e até monitoramento do uso de cartão de crédito das pessoas. Tudo para um controle sobre os dados de contatos com possível contaminação.
Foram criados 6 níveis de distanciamento social, que variavam conforme o registro de casos. Uma lei foi criada obrigando a utilização de máscara, e multando infratores em 90 dólares.
Enfim, graças a um eficiente método de testagem e rastreamento apoiado em tecnologia, e com forte adesão da população, a Coréia do Sul controlou a pandemia, e se mantém atenta para possíveis novas ondas.