2017/ 4h00min
Drama/Romance
DIREÇÃO: Blair Foster, Alex Gibney
TÍTULO ORIGINAL: Rolling Stone: Stories from the Edge EUA
ELENCO: Jann Wenner, Cameron Crowe, Annie Leibovitz, Johnny Depp (voz de Hunter S. Thompson), Jeff Daniels (narração da Rolling Stone)
SINOPSE E DETALHES
Este documentário da HBO conta a história de 50 anos da revista Rolling Stone.
ATENÇÃO: A RESENHA CONTÉM SPOILER!!!
Se você gosta de música, jornalismo de revista, investigativo e opinativo, precisa ver este documentário da HBO lançado para comemorar os 50 anos da revista Rolling Stone.
São 4 horas, divididos em duas partes, começando com Jann Wenner, fundador da revista falando sobre como teve a ideia, ao acompanhar um festival de música em Monterrey, de montar uma revista/jornal que falasse não só de música, mas de tudo que a envolve, a cultura, as ideias, o modo de vida do americano. Como estavam no ano de 1967, a música que mexia mais com os jovens era o rock, e tudo ao seu redor, como a defesa pela paz, pelo amor livre, as drogas, enfim o famoso Sexo Drogas e Rock´n Roll.
As revistas de até então tinham críticas, mas de Jazz. O rock ainda era visto como uma moda de adolescentes, uma música de protesto, que iria passar. Não passou, muito pelo contrário, continuou influenciando várias gerações, teve uma contracultura em seu entorno, e a Rolling Stone estava lá para cobrir isto e falar em sua língua, a linguagem dos jovens. Desde lá, cobriu todos e quaisquer estilos de música que apareceram.
Mas o documentário ressalta que não só de música vivia a revista. Na área da política tinham Hunter Thompson, autor do livro Hell´s Angels , considerado um clássico do new journalism, que acrescentou ao estilo literário seu desprezo pela objetividade, pregando que tudo tinha que ser literal, pessoal, opnativo e que inclusive o jornalista deveria participar e até interferir no relato.
Este estilo, associado ao desprezo as regras formais do jornalismo, foi chamado de “Jornalismo Gonzo” e teve Hunter considerado como o pai e maior expoente.
Cobriram também Jimmy Swaggart, o primeiro grande tele evangelista, que com um sermão, convenceu o Wall Mart a parar de vender em suas lojas a revista Rolling Stone, com a seguinte afirmação:
“Depois de quase um quarto de século de experiência com pornografia, sabemos quais são os resultados. Isso é a mesma coisa com a música rock, “uma influência degenerativa e debilitante em nossa juventude”.
Swaggart, tinha uma relação com a música, pois era primo dos cantores Jerry Lee Lewis e Mickey Gilley. Também tinha uma forte relação com a pornografia e a prostituição barata, fato que o levou a ser expulso da igreja, colocando fim à sua carreira de apóstolo dos shows e tv. Porém a Rolling Stone seguiu.
Outra matéria bombástica foi de Michael Hastings que foi entrevistar Stanley McChrystal, comandante das forças americanas no Afeganistão. Convivendo quase um mês com o general, acabou arrancado deste várias críticas ao governo de Obama sobre a função das tropas no Afeganistão, bem como deboches sobre o seu vice, Biden. A publicação da reportagem custou sua cabeça. Saiba mais neste link:
Temos mais uma aula de jornalismo durante a pior crise da Rolling Stone. A jornalista Sabrina Rubin Erdely, fez uma ampla reportagem sobre o estupro de uma jovem, de codinome “Jackie” durante uma festa no campus da Universidade de Virginia. A reportagem teve uma repercussão mundial, todos discutiram sobre o problema do estupro de jovens em universidades americanas, porém, tinha um grande problema: a história era falsa.
Além de retirar a reportagem do ar, se desculpar e ter sua imagem imensamente arranhada, a revista sofreu uma forte investigação, organizada pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, coordenada por um ganhador do prêmio Pulitzer, Steve Coll , que gerou um relatório após cinco meses de investigação que dissecou todos os erros jornalísticos cometidos na reportagem, por todos, inclusive os editores chefes.
O título deste relatório foi : “ Uma anatomia de um fracasso jornalístico “.
Caso queiram ler o relatório traduzido, o link abaixo o considerou uma aula magna de jornalismo.
Além de todo esse material jornalístico e detalhes de cobertura da história da música por 50 anos, ainda temos a sugestão de mais 3 filmes para esta sessão em breve:
O diretor de cinema Cameron Crowe, foi um colaborador da revista quando tinha 15 anos, chegou a acompanhar a banda Led Zeppelin , o que gerou um filme semi biográfico, “ Quase Famosos “.
Hunter Thompson escreveu dois livros que viraram filmes, “Medo e delírio em Vegas “e “Diário de um Jornalista Bêbado”.
Totalmente recomendado este documentário, apesar das 4 horas, temos muitas aulas de jornalismo e muito da história da música.