TÍTULO ORIGINAL: IN MY CONTRY Inglaterra/Irlanda África do Sul
ELENCO: Juliette Binoche (Anna Malan) Samuel L. Jackson (Langston Whitfield) Menzi Ngubane (Dumi Mkhalipi)
SINOPSE E DETALHES
Jornalista americano vai até a África cobrir julgamento de crimes de violação de direitos humanos, embora não acredite na punição dos verdadeiros culpados. Lá, conhece poetisa africana e acaba se apaixonando por ela.
ATENÇÃO: A RESENHA CONTÉM SPOILER!!!
Uma mistura incomum, um jornalista, uma poetisa, um cenário de horrores, e um romance sem futuro.
Estamos em 1995, na África do Sul. Após Mandela assumir, é necessário a tentativa de unificação da nação.
Os negros assumiram o poder, porém é necessário uma tentativa de diminuição do ódio entre as raças, então é criada uma Comissão de Verdade e Reconciliação, onde vítimas e agressores estarão frente a frente, relatarão os horrores, e caso se prove que foram cometidos por ordens superiores, uma anistia será concedida.
Para a cobertura dessas audiências, encontram-se uma poetisa branca, Anna, um jornalista americano negro, enviado pelo Washington Post, Langston, e um engenheiro de som, também negro, porém africano.
Todos chegam com idéias diferentes, Anna, branca, porém tem muito respeito pelos negros, adora seu país e vê como uma oportunidade de unificação, sem distinção de raças. Langston, americano negro, que já sofre racismo em sua terra, não acredita no perdão para quem tanto fez sofrer os locais apenas pela cor da pele. Dumi, um negro local, que enfrentou os horrores da guerra, do lado dos oprimidos, uma espécie de faz tudo do grupo, conhecedor da cultura e costumes locais, tem a verdadeira visão do negro africano, porém aparentemente não guarda rancor.
Após o início das narrativas, com uma sequência de horrores sendo contados, como filhos mutilados, mulheres estupradas, assassinatos com mais de 37 facadas, o psicológico de nossos personagens é bastante alterado.
Anna está inconformada como as pessoas de sua terra tiveram a coragem de tamanhas barbaridades, Langston vê tudo como um genocídio, e Dumi permanece num misto de indignação e conformidade, com uma leve ponta de esperança.
Dumi consegue uma entrevista privada de um julgado do alto escalão para Langston, cujos relatos aumentam ainda mais a fúria deste, Anna está mais abalada pelas audições a cada dia que passa, e Dumi parece ouvir eternamente a música “Deixa a vida me levar” de Zeca Pagodinho, promovendo bebedeiras para afogar as mágoas do trio.
E então no meio desse caos, surge o romance entre Anna e Langston, o que considerei a parte desnecessária do filme, e sobre isto teremos apenas este comentário.
Após o depoimento da pessoa que Langston entrevistava privadamente, não é concedida anistia a este pela desproporcionalidade de seus atos.
Langston comemora, Dumi também, mais entusiasticamente dançando e cantando, Anna corre atrás do depoente indignada, com a pergunta do eterno porquê de tanta maldade, e ouve do mesmo para que pergunte ao seu irmão.
Anna descobre que seu próprio irmão participava de massacres, e após confrontá-lo, este se mata. Ela resolve contar ao marido sobre seu caso, que sofre e chora copiosamente.
E Langston após se despedir de Anna, indo para um jantar de despedida na casa de Dumi, tem seu carro parado, são cercados por vários negros armados, e Dumi é baleado, por ter sido uma pessoa que delatou vários negros aos brancos donos do regime, levando vários irmãos à morte.
Seria uma total tragédia, não fosse pela oportunidade de se aprender uma palavra, uma enaltação ao caráter deste povo, que te traz de volta as reflexões , que te dá esperança de dias melhores.
