VOYEUR

2017/ 1h36min 

Documentário       

DIREÇÃO: John Requa, Glenn Ficarra

TÍTULO ORIGINAL: o mesmo             USA

ELENCO:  Josh Koury Gay Talese Shelby Welinder Edward Akrout (Hotel Guest)

SINOPSE E DETALHES

Voyeur é um documentário americano de 2017, dirigido por Myles Kane e Josh Koury e estrelado por Gay Talese e Gerald Foos.

ATENÇÃO: A RESENHA CONTÉM SPOILER!!!

Apesar deste documentário contar a história sobre um voyeur, chama-nos mais atenção seu autor, Gay Talese.

Talese, um dos ícones do new journalism, uma lenda do jornalismo literário, começa com a seguinte afirmação : “Me considero um repórter desde os 15 anos, e então aos 80 ainda sou um repórter”.

Só isto já chama a atenção para o documentário, pois esperamos por ensinamentos de um repórter com 65 anos de profissão, e eles vem ao longo deste.

No início temos uma introdução sobre a vida de Talese, onde ele mostra seus arquivos, com anotações e detalhes sobre muitos dos seus trabalhos ao longo de muitos anos. Uma visita a estes arquivos seria como uma viagem pelo mundo do jornalismo, quem sabe isto não vire um museu no futuro.

Mas vamos a história da vez. Talese foi procurado por Gerald Foos, um homem que dizia ter comprado um hotel e o preparado para exercer sua principal atividade: observar os hóspedes.

Foss montou um “escritório” no teto, de onde conseguia verificar todas as ações dos hóspedes durante sua estadia, principalmente à noite. Por quase 30 anos fez isso, sempre fazendo anotações sobre cada observação. Nada filmado, ou gravado, tudo simplesmente observado e anotado.

Uma história intrigante, que chamou a atenção de Talese, e o fez ir visitar o local, portando-se ele mesmo como um voyeur.

Talese resolveu escrever uma matéria sobre o assunto para a revista The New Yorker “ e por ai seguem-se aulas sobre checagem de fatos e importância das fontes. E esse sempre foi o grande problema de Talese: Havia uma única fonte para a história, o proprietário do hotel, uma pessoa um tanto quanto perturbada.

A matéria foi feita, (pode ser lida em : https://www.newyorker.com/magazine/2016/04/11/gay-talese-the-voyeurs-motel ) e a continuação seria o lançamento do livro “The Voyeur Motel”.

Durante entrevistas para o lançamento do livro, um jornalista do Washington Post constatou algumas contradições, como a de que o proprietário havia vendido o hotel em 1980, porém havia relatos até 1988.

Talese ficou inconformado, pois este fato foi ocultado dele por Foss, sentiu nisso uma forte traição, sentiu sua dignidade manchada, seu nome jogado ao lixo. Ele, uma lenda da não ficção, falhou, na confirmação dos fatos e foi enganado por uma fonte, após décadas de experiência e a obtenção do conceito de um dos maiores de todos os tempos.

Resolveu então desautorizar o livro. Tempos depois e muitas reflexões, decidiu fazer o documentário e conter mais uma vez essa história.

Talese pode ter errado, mas mesmo assim contou mais uma bela história, e só isso faz valer a pena assistir o documentário, além de inspirar para a leitura de seu livro “O Reino e o Poder – uma História do New York Times”.

Caso queiram mais pílulas da sabedoria de Talese sobre o jornalismo, assistam esta entrevista para o Roda Viva, em 2009:

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